Descrita comumente como “dor generalizada”, a fibromialgia é uma condição crônica que causa bastante sofrimento. Porém, pelo seu desconhecimento, por muitos anos os pacientes foram tachados de dramáticos ou exagerados nos seus frequentes e inexplicáveis relatos e queixas de dor.A compreensão da complexidade e do espectro de comprometimento da qualidade de vida dos indivíduos começou na década de 1980, quando a literatura internacional demonstrou séries de casos que uniformizaram as descrições e delinearem os principais mecanismos fisiopatológicos.
Foi com publicação dos Critérios de Classificação da Fibromialgia do Colégio Americano de Reumatologia que essa condição – conceituada como síndrome- passou a ter reconhecimento científico. As informações são do reumatologista José Eduardo Martinez, coordenador da Comissão de Dor, Fibromialgia e outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que também ressalta o grande número de pessoas que desenvolvem a síndrome. “De acordo com estudos interncionais, a Fibromialgia acomete uma importante parcela da população mundial: de 2% a 4%. Outras pesquisas epidemiológicas brasileiras, ainda que sejam poucas, confirmam esse índice e afirmam que o predomínio da incidência é no sexo feminino e sem preferência por raça”.
Estudos e pesquisas, como a Cartilha sobre fibromialgia produzida pela SBR, esclarecem que a fibromialgia costuma sugerir entre 30 e 55 anos de idade, ainda que existam caos registrads em pessoas velhas e até em crianças e adolescentes. Outro ponto citado no documento é que a síndrome pode aparecer depois de eventos graves na vida de uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave.
Contudo, as causas da fibromialgia ainda não são totalmente conhecidas, o que torna o diagnóstico difícil e demorado. Sobre o seu reconhecimento da Sociedade Brasileira de Reumatologia diz que não existem exames específicos para detecção, sendo o diagnóstico essencialmente clínico e feito por meio dos sintomas e sinais, o que torna necessário que sejam feitos exames para excluir doenças que se apresentam de formas semelhante à síndrome, ou ainda, para detectar outros problemas que podem ocorrer conjuntamente e influenciar na sua evolução.
Não obstante, estudos também apontam que existem vários fatores que estão frequentemente associados a essa síndrome, como a genética (a fibromialgia é muito recorrente em pessoas da mesma família,o que pode ser um indicador de que existem mutações genéticas capazes de causar a síndrome), infecções por vírus e doenças autoimunes, distúrbios do sono, sedentarismo, ansiedade e depressão. ” A síndrome da fibromialgia é multifatorial,e toda a sua etiopatogenia ainda não é conhecida. Estão envolvidos mecanismos de transmissão dolorosa alterados e caracterizados por sensibilização central, a resposta a estressores alterada e um agravamento por fatores emocionais”, explica José Eduardo Martinez.
Sintomas
Ainda que seja comumente definida como dor muscular generalizada, a fibromialgia, vai além, causando outros sintomas. ” A síndrome causa dor musculoesquelética associada com hiperalgesia (percepção de dor aumentada após estímulos dolorosos) e alodinia (percepção de dor após estímulos não dolorosos). Outros sintomas centrais são sono não restaurados e fadiga. Também podemos observar associação com cefaleia, depressão, ansiedade, síndrome de intestino irritável, síndrome da dor miofascial, entre outros, complementa Martinez.
Na literatura sobre a síndrome ainda são descritos como sintomas a rigidez matinal, dores menstruais, sensibilidade à temperatura, queimação e formigamento nos pés e mãos, dor abdominal, além de problemas para urinar, falta de memória e dificuldade de concentração.
Tratamento
O Tratamento fibromialgia sempre exige um olhar ampliado paraa adoção de recursos terapêuticos com foco no melhor resultado. Nesse sentido, o trabalho do farmacêutico magistral em colaboração como o s médicos é fundamental, por exemplo, pra sugerir a associação de ativos, ou mesmo, o ajuste de doses mais adequado. Além disso, segundo especialistas, o tratamento sempre deve envolver medidas não farmacológicas em conjunto com os medicamentos.
São indicados, por exemplo, exercícios físicos, terapia cognitivo comportamental e acupuntura.
O reumatilogista José Eduardo Martinez explica que essas opções terapêuticas têm sido estudadas e mostrado eficácia em varios diversos grupos de pacientes. ” O uso de medicamentos não pode ser feito isoladamente. Desse ponto de vista, são aprovados com indicação com indicação no Brasil a duloxetina e a pregabalina. Outros medicamentos motraram eficácia em estudos randomizados e têm sido utilizados mundialmente. Entre eles, posso citar a amitriptilina, a ciclobenzaprina, a venlafaxina e o tramadol, isoladamente ou associado com paracetamol”, explica.
A personalização do tratamento é um ponto essencial para o sucesso das terapias, segundo o reumatologista. ” a individualização das doses deve seer sempre preconizada para potencializar a eficácia os efeitos adversos, sempre baseada no conhecimento observado nos estudos clínicos, balaizado pela cieência”, reitera Martinez.
O profissional ressalta que os estudos clínicos e os relatos de vida real apontam melhora importante da qualidade de vida dos pacientes, embora nem sempre se consiga a eliminação dos sintomas. “Observe que há subgrupos de pacientes com quadros mais refratários, especialmente quando associados à depressão e à ansiedade graves”, conclui.
Fonte: Batistuzzo, J.A et al Formuláro Médico-farmacêutico, Pgarmabooks, 4ªed, São Paulo, 2011.
Cantini, F; Bellandi, F; Niccoli, L; Di Munno, O. – Fluoxetina combined with cyclobenzaprine in the treatment of fibromyalgia. Minerva Med., 58:97-100, 1994.
Heymann et al. – Consenso brasileiro do tratamento da fibromialgia – Rev. Bras. Reumatol. 2010;50(1):56-66.