Psoríase é desconhecida e perigosa

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Psoríase é desconhecida e perigosa

Data do Post 15/02/2017

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Alessandra Asevedo
Especial pa Super Saudável

A psoríase é uma doença inflamatóriacrônica sistêmica que afeta de 1% a 3% da população mundial, sendo caracterizada por hiperproliferação epidérmica que compromete a qualidade de vida não apenas pelos sintomas, como também pelo preconceito a que os pacientes são submetidos. Não existe uma causa definida para a doença, mas a ciência já sabe que apresenta origem imunológica e predisposição gnética. No entanto, a influência e múltiplos fatores ambientais, tais como infecções, tabagismo e traumas, pode levar ao desencadeamento ou à piora do quadro.

O processo começa na pele de áreas de atrito como cotovelo, joelho e couro cabeludo, com placas avermelhadas e simétricas e escamas esbranquiçadas, que lembram parafina de vela. Também pode ocorrer purido, sintoma que determinou o nome da doença-derivada da palavra grega psora, que significa coceira. “Além disso, 30% dos pacientes pode ter artrite psoriástica, que atinge a articulação causando dor, inchaço e com tendência a levar à deformidade. Neste caso, o dermatologista deve encaminhar o paciente para o reumatologista”, sugere o médico dermatologista Cid Sabbag, diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Psoríase.

A maioria das pessoas não conhece a psoríase, mas cerca de 2% da população mundial é acometida pela doença, 30% tem casos na família e cerca de 3 milhões de barasileiros têm a enfermidade. Um mapeamento realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) nas capitais brasileiras apontou que a psoríase atinge igualmente homens e mulheres e começa a se manisfestar no adulto jovem.

“Observamos nmaior prevalência nos estados do Sul e Sudeste devido às temperaturas mais baixas. Diferentemente das demais doenças dermatológicas, na psoríase é indicada a exposição ao sol, pois os raios ultravioleta (UVB) penetram na pele e desaceleram o crescimento das células”, enfatiza o médico dermatologista Ricardo Romiti, coordenador do Ambulatório de Psoríase d Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

O desconhecimento e a desinformação fazem com que muitos pacientes se isolem para evitar constrangimentos e preconceito, pois há um estigma errôneo de que a doença é contagiosa. Este comportamento afeta a vida do paciente como um todo, prejudica a escolha profissional e os relacionamentos familiares, afetivos e sociais. Por isso, há muitas pequisas em busca do melhor tratamento, que hoje é composto por medicações em forma de creme e pomadas para os quadros leves, e fisioterapia para casos moderados a graves, seguida por medicações sistêmicas com comprimidos ou injetáveis. ” os medicamentos imunobiológicos também são indicados para os casos graves da doença e para pacientes que não respondem ao demais tratamentos. São injetáveis, altamente eficazes e seguros, mas têm custo muito elevado”, comenta o médico Ricardo Romiti.

O pacientes que usam o Sistema Único (SUS) também têm dificuldades para conseguir tratamentos como foroterapia. Embora o equipamento seja de fácil manejo e baixo custo-cada sesão custa entre R$ 50 e R$ 80 – , poucos serviços públicos possuem o aparelho. ” É necessário mais investimento na fototerapia, que também é indicada para o tratamento de virtiligo e pode ajudar milhões de pessoas. Até porque, outros medicamentos para tratar a psoríase custam R$ 8 mil por mês e são necessários por até um ano”, acentua o dermatlogista CId Sabbag.

Não confunda

Existe outra doença dermatológica chamada parapsoríase que, muitas vezes, é confundida com a psoríase por causa da nomenclatura. No entanto, são enfermidades completamente diferentes. A parapsoríase recebeu ete nome no século passado, e agrupa donças caracterizadas por manchas vermelhas e descamativas que se assemelham à psoríase tem curso crônico e eventualmente, pode evoluir para formas de linfoma cutâneo. Somente um dermatologista pode fazer o diagnóstico correto e indicar qualquer tratamento cada paciente necessita.

Relação com outras Doenças

Além de prejudicar a qualidade de vida, a psoríase pode ser a porta de entrada para outras enfermidades. “Nos últimos anos, as pesquisas têm mostrado que o caráter inflamatório crônico da psoríase altera o metabolismo e pode predispor à associação com doenças que possuem natureza inflamatória, como enfermidades metabólicas, a exemplo de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares”, explica o médico Cid Sabbag.

Essa associação aumenta as taxas de morbidade e mortalidade pela dença, reforçando a necessidade de medidas preventivas precoces. Estudos realizados em diversos países comprovam a alteração do metabolismo pela psoríase, como a pesquisa “Association Between psoriasis and the metabolic syndrome‘, que envolveu 16.681 pacientes com psoríase e 48.681 sem a doença (grupo controle), inscritos no Clalit Health Services, maior organização de saúde de Israel.

Os resultados apontaram que o diabetes estava presente em 13,8% do grupo pacientes com psoríase e apaenas 7,3% do grupo controle, enquanto hipertensão ocorreu em 27,5% dos indivíduos, contra 14.4%. A obesidade também foi maior nos pacientes com a doença, com 8,4% contra 3,6% no grupo controle, enquanto a cardiopatia isquêmica foi observada em 14,2% contra 7,1%, respectivamente. Outro alerta vem do estudo de base populacional no Reino Unido ‘Prevalence of cardiovascular risk factors in patients with psoriasis‘, que também mostrou que o diabetes e a obesidade são mais prevalentes em indivíduos com o estágio grave da psoríase.

As taxas de prevalência de fatores de risco nos pacientes com psoríase grave, leve e grupo sem a enfermidade foram de, respectivamente, 7,1%, 4,4%, 3,3% para diabetes; 20%, 14,7%, 11,9% ára hipertensão arterial; 6%, 4,7%, 3,3% para hiperlipidemia; e 20,7%, 15,8%, 13,2% para obesidade. O estudo de revisão ‘Psoriasis and metabolic disease: Epidemiology and pathophysiology‘, do Departamento de Dermatologia da Universidade da Pensilvânia, no Estados Unidos, evidencia que, assim como a doença pode colaborar para o desenvolvimento de distúrbios, outras enfermidades têm condições de desencadear a psoríase, além de as comorbidades modificarem a gravidade da doença existente.

Em contraponto, a pesquisa ‘Obesity, waist circumference, weight change, and the risk of psoriasis in women: Nurses’ health study II’ mostra que a obesidade pode ocorrer antes do início da psoríase pode ocorrer antes do início da psoríase e ser fator de risco para o desenvolvimento da doença. A conclusão tem como base o acompanhamento, ao longo de 14 anos, de mais de 78 mil mulheres, e análises das relações entre o índice de massa corporal (IMC), a mudança de peso, as circunferências da cintura e do quadril, a relação cintura-quadril e a psoríase.