A microbiota intestinal é parte integrante da fisiologia humana, e a disbiose está relacionada a muitas condições de doenças. No momento do nascimento, o bebê deixa um ambiente intrauterino livre de bactérias (embora alguns estudos sobre o microbioma palcentário desafiem este paradigma) e entra em contato com um universo externo altamente contaminado. Em poucas horas após o nascimento ocorre a colonização do intestino, processo influenciado por vários fatores, como gestação, duração e alimentação da mãe, além de condições ambientais, genética e saúde materna. Tivemos a oportunidade de estudar a dinâmica das alteraçoes da microbiota intestinal de 166 bebês saudáveis desde o primeiro dia do nascimento até três anos de idade, incluindo a demosnstração de que uma ampla variedade de anaeróbios estritos colonizaram o intestino do recém-nascidos após o nascimento.
A maioria desses bebês, especialmente aqueles amamentados com leite materno, apresentou um microbiota dominada por bifidobacterium em três meses.
A microbiota continua a evoluir, exibindo um alto grau de instabilidade, fica estável e atinge padrões definitivos semlhantes aos dos adultos somente aos 2 a 3 anos. Este processo pode ser influenciado por fatores ambientais e qualidade de vida, como hábitos alimentares. higiene, infecções, medicamentos e outros.
Segundo alguns estudos, microbiota intestinal de crianças de 2 a 5 anos de idade já é relativamente estável e muito parecida com a de adultos. Os nossos resultados do perfil da microbiota intestinal de crianças de 4 a 5 anos forma coerentes com as publicações anteriores.
Um perfil saudável da microbiota intestinal nos primeiros meses está relacionado à saúde durante a vida, enquanto que uma composição anormal está associada com o aumento do risco de desenvolvimento de problemas sistêmicos, como obesidade e suas doenças correlacionadas, incluindo diabetes tipo 2 e enfermidades alérgicas, como asma e estados de inflamação do intestino. Baseado na origem do desenvolvimento da saúde, doença e epigenética, crianças nascidas prematuras e pequenas para idade gestacional são predestinadas a correr riscos altos de síndrome metabólica e obesidade, incluindo diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
A maioria dessas crianças nasce de cesarianas (por diversos motivos) e sofre de diabetes. A disbiose intestinal não é um fator de risco significativo, tais como sepse e enterocolite necrosante em recém-nascidos, mas contrinuem para obesidade e síndrome metabólica na vida futura. As alterações benéficas induzidas na microbiota fecal e no ambiente observadas após a ingestão do probiótico sugerem que a suplementação pode ser utilizada para melhorar a disbiose em bebês prematuros e abaixo do peso ideal.
O Bifidobacterium, um dos gêneros presentes na microbiota intestinal, é reconhecidamente benéfico à saúde. Diversos estudos demonstraram as vantagens do ácido acético produzido pelo Bifidobacterium. O consumo de longo prazo do LcS aumenta a população de Bifidobacterium indígeno, bem como a concentração do acetato fecal. No presente estudo foram observadas uma correlação positiva entre a população de Bifidobacterium e a concentração de ácido acético em crianças sadias,e uma correlação negativa entre as concentrações de ácidos acéticos e a população de Enterobacteriaceae.
O ácido acético, um dos metabólicos mais produzidos pelo Bifidobacteruim, possui comprovadamente forte atividade bactericida in vitro contra bactérias Gram-negativas. Baseados nos resultados observados, podemos sugerir que a ingestão do probiótico induz ao aumento da concentração do ácido acético e à diminuição concomitante do pH intestinal. Juntos, estes fatores podem ser responsáveis pela supressão de bactérias nocivas, como Enterobacteriaceae, Staphylococcus e Clostridium perfringens. Utilizamos o leite fermentado com LcS como probiótico pelos efeitos benéficos sobre a saúde solidamente comprovados, bem como a segurança clinica e eficácia em bebês e idosos, além do seu longo histórico de consumo por japoneses e populações de países onde é comercializado. Nenhum efeito adverso foi observado durante a pesquisa. Este é o primeiro estudo realizado para demonstrar os efeitos benéficos da suplementação do probiótico na promoção de uma composição favorável da microbiota em crianças sadias em idades pré-escolar e escolar.
Estes resultados darão sustentação para futuras investigações na avaliação dos efeitos do consumo de longo prazo na regulação da homeostase da microbiota intestinal e também para observar os efeitos na predisposição a diversas doenças na vida futura. Os resultados sugerem que o consumo de produtos contendo probióticos modificou favoravelmente a composição da microbiota intestinal. Notalvelmente, este efeito terminou em seis meses após interrupção do consumo, indicandoque o LcS não habitava permanetemente o trato intestinal das crianças e desaparecia definitivamente neste período. Estas observaçoes sugerem que o consumo regular de probióticos pode ser benéfico para a manutenção da saúde intestinal infantil e pode refletir na saúde no futuro. O estudo foi publicado no Annuals of Nutrition & Metabolism 2015, 67:257-266.
Analise Estatística
Os resultados das etapas pré, durante e após a ingestão forma comparados usando o teste não paramédico de Wilcoxon (microbiota e ácidos orgânicos fecais) e teste paramétrico pareado t (pH fecal). A taxa de detecção das bactérias foi analisada por meio do teste de probabilidade exata de Fisher. Usamos o programa IBM SPSS Statistic Desktop versão 22.0 (IBM Japan Ltd., Tóquio, Japão). Em todos os testes foi estabelecidos o valor p<0,05 para reconhecimento da significancia. As concentrações de ácidos orgânicos fecais e pH das crianças saudáveis mantiveram-se estáveis e comparáveis às obtidas em pesquisas anteriores.
Não houve diferença significativa emtre as amostras de fezes analisadas durante o período de estudo. A quantidade de Bifidobacterium aumentou significativamente nos meses 3 e 6 do período de ingestão, quando comparadocom os níveis de pré-ingestão (p <0,05 e p< 0,01, respectivamente). A contagem de Lactobacillus totais aumentou significativamente nos meses 1, 3, e 6 do período de ingestão, quando comparada à da pré-ingestão (p<0.01). Entretanto, nos seis meses após a ingestão, as contagens de Bifidobacterium e de Lactobacillus voltaram aos níveis da linha de base e não diferiram significativamente dos valores da fase de pré-ingestão.
Não foi detectado nenhum LcS em quaisquer amostras fecais no período pré-ingestão, enquanto que no período de ingestão os LcS chegaram a cerca de 10 colônias/g em todas as amostras fecais e voltaram abaixo dos limites de detecção após seis meses da suspensão da ingestão do leite fermentado. As contagens de Enterobacteraiceae e Staphylococcus diminuíram significativamente nos meses 3 e 6 do período de ingestão, compardo com os níveis da pré-ingestão (Enterobacteriaceae p< 0,01 para ambos os tempos, Staphylococcus p<0,01 e o <0,05, respectivamente). Entretanto os níveis dos grupos retornaram aos valores estatisticamanente indistinguíveis da linha de base durante o período pós-ingestão. Nem MRSA MRCNS foram detectados nas amostras.
Houve diminuição significativa nos níveis de C. perfringens apó a ingestão do leite fermentado com LcS durante seis meses (p,0,05). Entretanto, assim como os níveis de contagem de outras bactérias, os C.perfringens voltaram aos níveis estatisticamente indistinguíveis entre os períodos pré-ingestão e pós seis meses da suspensão do leite fermentado. As concentrações totais de ácidos orgânicos e ácido acético aumentaram significativamente nos terceiro e sexto meses de ingestão do leite fermentado contendo LcS, comparados com o período da pré-ingestão (p,0,01), e retornaram aos valores de base após seis meses da suspensão do consumo. Uma queda significativa no pH fecal também foi observada após seis meses da ingestão do probiótico (p<0,05) e retornou ao nível básico após a suspensão. Uma correlação reversa foi encontrada nos seguintes prâmetros em 98 amostras de fezes que foram analisadas: populações de Bifidobaterium e Enterobacteriaceae, concentração de ácido acético, e concentração de ácido acético e pH. Em contraste, uma correlação positiva foi observada entre a população de Bifidobacterium e a concentração de ácido acético.